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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

2011, um ano espectacular

Não confunda a tela com as pinceladas

Gostava de falar de algo que se passou comigo e que tive oportunidade de partilhar no mês passado para aproximadamente 500 pessoas. 

Tentei mostrar-lhes, em apenas 5 minutos, que 2011 ia ser um ano espectacular. Dá para imaginar a cara da maioria perante esta quase “difamação”, não dá? Provavelmente é a mesma que tem agora estampada no rosto enquanto lê estas linhas. 

Como é que 2011 poderá ser espectacular se o governo vai subir o IVA, cortar nos benefícios, a crise está galopante, os empregos não estão seguros, etc.? Vou passar a partilhar a minha história, então. 

Tudo começou em Novembro de 2009 quando, ao falar com um amigo, senti necessidade de fazer a seguinte afirmação: “Sabes, 2010 vai ser um ano espectacular!”. Olhou para mim, com uma expressão incrédula, e respondeu: “Deves estar a gozar comigo, não?”. Fiquei tão intrigado com a sua reacção que comecei a testar a afirmação com várias pessoas. Notei que existia um padrão na resposta: praticamente ninguém acreditava que 2010 pudesse desenrolar-se nesse sentido. Mas porque é que estavam todas as pessoas a entrar no jogo a “perder por 5-0”? Achei curioso pois, com base em alguns estudos, estima-se que a nossa felicidade é influenciada 50% pela genética, 40% pelo nosso estilo de vida/decisões que tomamos e apenas 10% pelas circunstâncias da vida (na qual a crise se insere). 

Decidi, então, fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para tornar 2010 um ano espectacular. 

Tracei alguns objectivos para 2010: perseguir um sonho pessoal que tinha, desenvolver-me enquanto pessoa a um nível integral, e ter sustentabilidade financeira ao longo do ano. Definidos os objectivos, tive que tomar algumas decisões, sendo a mais difícil a de largar emprego e uma carreira “segura” para poder perseguir o meu sonho, que era incompatível com as minhas obrigações profissionais. Claro que não dei um salto inconsciente, tendo analisado primeiro, de forma realista, se tinha capacidade de alcançar sustentabilidade financeira dentro de um prazo “aceitável”. 

Comecei então a perseguir o sonho e a desenvolver-me a nível integral, ou seja, a trabalhar os 40% da felicidade que apenas dependiam de mim. A nível físico, passei a fazer mais desporto, a ter atenção ao que comia e bebia, a encarar o relaxamento como investimento, a ter atenção ao número de horas e forma como dormia e, por fim, a estar consciente da forma como respirava e como isso estava ligado com as minhas emoções. 

A nível mental decidi aprender ao máximo, de forma a expandir o meu conhecimento. Decidi respeitar aquilo que é realmente prioritário, tornando-me mais disciplinado. Enfrentei medos e percebi que a maioria deles eram apenas “monstros” que eu próprio alimentava “à mão”. Permiti-me também sair da zona de conforto e a cometer novos erros de forma a expandir as minhas competências e alargar os meus horizontes. Por fim, tentei “ingerir” noticiários e outros media com moderação, pois percebi que condicionavam fortemente a forma como via o mundo.


Em termos sócio-emocionais, apostei em estar mais com pessoas positivas e evitar as “tóxicas”, que nos sugam energia. Apostei também em fazer ao máximo actividades de que gosto, transformando-me num “Sherlock Holmes” de coisas boas, “namorando com a vida” e buscando cada oportunidade para soltar uma boa gargalhada. Tentei, por último, evitar queixar-me, apesar de nem sempre ser fácil, reconheço, pois é um dos “desportos” favoritos da nossa mente “tagarela” e da forma como somos condicionados pelo tão típico “fado” português. 

A nível espiritual (talvez a área em que investi mais), decidi começar por me centrar e descobrir quais os meus reais valores, que potencial tinha para manifestar e o que gostaria de deixar como legado no futuro. Para além disso, procurei contribuir positivamente para a sociedade, oferecendo voluntariamente o meu tempo a causas em que acreditava. Tentei também estar mais ligado à natureza, dando passeios e corridas junto ao mar ou em parques e jardins. Estes são óptimos sítios para trabalharmos também a nossa capacidade de estarmos presentes, exercitando a nossa capacidade de atenção neste sentido, algo cada vez mais difícil nos dias de hoje, pois estamos constantemente a ser solicitados por várias vias. 

Outra actividade que fiz diariamente foi escrever sobre as pessoas de quem gosto, o que me faz feliz, o que me faz sentir orgulhoso, o que me aconteceu de positivo diariamente, entre outras (que foi muito gratificante ler isto tudo no fim do ano e perceber a riqueza mundo que me rodeava). 

Chegamos, então, ao final de 2010. Foi um ano perfeito? Longe disso. Houve momentos difíceis, tristes, de angústia? Claro que sim. Houve alturas em que duvidei se o caminho era este? Também. Realizei, no entanto, que isso eram apenas simples “pinceladas”. 

Percebi que quando estamos alinhados com a pessoa que realmente somos e no caminho com o qual temos ressonância, as dificuldades passam apenas a ser desafios, o dinheiro deixa de ser um objectivo para passar a ser um recurso e a felicidade, mais do que uma emoção fugaz, ou uma simples “pincelada”, passa a ser a “tela” de fundo, que nos permite ganhar paz de espírito, capacidade de aceitação e contemplar a vida com um brilhozinho nos olhos. 

Por isso digo: “2011 vai ser um ano espectacular!”. 

Qual vai ser a sua escolha? Vai fazer por que seja um grande ano ou vai esperar que a “maré vire” e que os 10% daquilo que lhe acontece na vida, sejam toda a sua fonte de felicidade? 



Fonte:http://mulher.sapo.pt/carreira-vida/psicologia/2011-um-ano-espectacular-1118473.html

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